quinta-feira, 22 de abril de 2010

2010, O Ano da Fúria...


Eu comecei a chamar este ano de "O Ano da Fúria" após o "Reveillon da morte" em Angra, das enchentes de 2 meses em São Paulo, dos terremotos no Haiti e no Chile, mas as coisas continuaram...

Veio o Morro do Bumba, Niterói e Rio de Janeiro destruídos após uma chuva nunca antes sentida por quem mora aqui há 40 anos, outro terremoto na China com proporções que os governos autotitários não gostam de revelar, um terremoto no Paquistão e agora me escandalizo ante a beleza e poder de destruição de um vulcão na Islândia que paralisou praticamente toda a Europa, deixando seus moderníssimos aviões, presos ao chão, levando ao desespero quem só queria voltar pra casa!

Homens perplexos, ambientalistas alarmados, cientistas sem resposta!

Pensando no assunto esbarrei em um texto do Caio Fábio, que me trouxe uma visão de algo maior do que as catástrofes, maior que a angústia, que ameniza a ansiedade e nos faz pensar que é no caos que tudo se transforma!

Gostaria de compartilhar esse texto com você, que ele penetre seu coração como faca de dois gumes e sirva de alerta, alento, direção e prumo!


O ESPÍRITO E O CAOS…


"Quando o fogo, a fumaça, o enxofre e o cheiro do caos se espalharem sobre a terra, o Espírito se derramará como nunca antes...

Quando o sol escurecer e a lua se tornar vermelha como sangue, então o Espírito se derramará sobre toda carne...

Quando todas as ordens no céu e na terra se inverterem, e a humanidade não souber mais o que seja dia ou noite, quando paz e guerra já nem forem mais sentidos ante o estado de calamidade normal do mundo, então, o Espírito se derramará sobre toda carne.

Quando os que forem velhos estranhamente sonharem sonhos de futuro; quando os jovens sem presente profetizarem amanhãs; quando os escravos da desesperança falarem de um Novo Mundo... — então, é porque, apesar de tudo, o Espírito estará se derramando sobre todos os homens.

Quando todas as certezas humanas acabarem, e quando todas as ordens se subverterem, e quando tudo o que for fato simples e certo da existência passar a não ser, então, o Espírito se derramará sobre toda vida.

Sim, quando a prepotência, que é sempre pré-potência [um surto antecipado de poder], for dissolvida pelo esmagamento da realidade, pela falência de todos os “pré”... qualquer definições dos homens, e pela substituição de todo “pré” por todo “pós” sem nada — então, creia, o Espírito se derramará sobre toda carne.

A carne será despojada de todas as suas ilusões nos céus e na terra antes que o Espírito se derrame sobre toda carne.
 
Ora, assim como é no Princípio Geral da Profecia de Joel, assim também na sua aplicação existência e individual, pois, hoje mesmo, enquanto escrevo, sei que a fim de que o Espírito se derrame sobre a minha carne, a minha vida, a minha história..., antes todas as minhas ilusões e seguranças humanas têm que me ser arrancadas...; seja de fato, seja apenas como fato da sua desconstrução em importância dentro de mim.

A terra estava sem forma e vazia..., mas o Espírito pairava em vibração criadora sobre as águas do caos...

É assim desde sempre...

É assim hoje...

Será assim amanhã...

O Espírito mantém os jardins desta vida, mas em geral Suas grandes criações acontecem na impossibilidade de qualquer coisa acontecer.

O caos e a impotência são os ambientes mais adequados para as grandes manifestações e derramamentos do Espírito Santo, do Espírito da Vida.

Se seu mundo está assim, sem forma, vazio, com o sol escuro em cima, e a luz pingando sangue à noite..., enquanto você sente o cheiro da fumaça e do enxofre do fogaréu dos enganos deste mundo — creia: é o tempo ideal para o Espírito se derramar sobre você.

Nele, 
que age quando parece que nenhuma ação será possível,"

Caio

Se você tem uma Bíblia em casa, abra no Livro de Joel e leia o capítulo 2.

"Fora das mãos do oleiro, o que quebra vira caco. Nas mãos do oleiro não há cacos, há recomeço e transformação!"

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brasil ou República Federativa do Bumba?

 

Como morador do Rio de Janeiro e ex-morador de Niterói, passei uma semana pensando o que poderia escrever para meus leitores sobre o que vi e como percebi os acontecimentos catastróficos da semana que passou!

No dia da tragédia lembro-me claramente da violência com que a chuva chegou. Estava com a TV ligada e conversando no meu quarto quando ouvi o vento uivar e minha janela ser fustigada por uma golfada de água que mais parecia que meu prédio tinha entrado em um lava-jato, desses de postos de gasolina!

Tentei abrir a janela pra ver, mas em segundos fiquei ensopado e corri para fechar todas as janelas do apartamento.

Atendi a um telefonema e quando terminei de falar com um amigo, o Rio que tinha deixado antes da ligação já tinha se transformado em uma imensa Veneza de água lamacenta!

Minha irmã que trabalha em Ipanema, ligou e avisou que não poderia voltar pra casa pois não havia como chegar. Dormiu no ônibus...
Liguei o rádio, me conectei ao twitter e fiquei acompanhando as informações.

Pela manhã todos vocês já sabem o que encontrei na TV...
Não reconheci meu próprio bairro...
Meus parentes que moram em sua maioria em Niterói e São Gonçalo, me abasteciam com informações terríveis sobre o "outro lado da poça", que até a queda do Morro do Bumba ainda não tinham invadido a mídia!

Cheguei a comentar com meu filho que nossos políticos parecem Médiuns, só ouvem a voz dos mortos. É preciso morrer nesse país pra ser ouvido!
E aí veio a tragédia maior, a catástrofe do Morro do Bumba!

Lembrava-me daquele lugar como um imenso campo de capim melado, por onde cortava caminho de moto com minha noiva, quando íamos visitar uma cunhada minha que, na época, morava no Caramujo.
Fiquei impressionado com  a quantidade de ruas e casas que vi ali.

E aí começaram a pipocar informações sobre o prefeito de Niterói, sua negligência, diante de laudos técnicos feitos pela UFF, que solicitavam que as casas que começavam a nascer no futuro local do desastre, fossem retiradas.

Imagens chocantes invadiam minha casa com a mesma intensidade da avalanche que aconteceu no Bumba ou no Morro dos Prazeres no Rio.

Helicópteros carregando autoridades com rostos hipócritamente surpresos e consternados,  declarações emocionadas, decretos que já deveriam existir há décadas sendo assinados em minutos, enfim, a papagaiada e o circo de sempre.

SOS isso, SOS aquilo, Record disputando com a Globo, Bandeirantes correndo por fora, executivos de televisões abrindo os bolsos com miseráveis 20 mil Reais e pedindo ajuda com "pires na mão"!
E eu me perguntando onde está o culpado?

Se não eram as autoridades e não era o povo, só podia ser Deus! 
Mas como punir Deus?

Ontem resolvi!
Todos já estão cheios de informações, não gostaria de ser mais um a dizer que choveu 300mm , o dobro de chuva estimado para o mês de Abril em 48 horas...Tudo isso morreu ontem enquanto assistia ao resumo da tragédia da semana na TV.
Nem as fotos exclusivas que tenho vou postar...

Ontem eu pude perceber que o Morro do Bumba, é o quadro pintado do nosso país!
E como uma imagem fala mais do que mil palavreas, o que esse quadro me diz?

Nosso país já teve vários nomes conforme a impressão de quem olhava pra ele.
O primeiro nome dado foi Pindorama (Região das Palmeiras), porém foram os indígenas que inventaram o nome e apenas eles o utilizavam.
Na descoberta em 1500, os portugueses batizaram a nova terra de Ilha de Vera Cruz, posteriormente se chamou Terra Nova em 1501;
Terra dos Papagaios, em 1501; Terra de Vera Cruz, em 1503; Terra de Santa Cruz, em 1503; Terra Santa Cruz do Brasil, em 1505; Terra do Brasil, em 1505; 
e finalmente em 1526, devido ao pau-brasil, uma árvore que tinha uma madeira muito valiosa, passou a se chamar Brasil.

Ontem diante da minha TV, vendo aquele monte de lixo, soterrando crianças, trabalhadores, mulheres, seus sonhos e histórias. 
Analisando a hipocrisia dos culpados ao tirarem o rabo da reta, colocando a culpa na chuva ou nos pobres que não escolhem bem onde morar!
Como cidadão brasileiro, com mais de 4 décadas de vida, eleitor por duas vezes do Jorge Roberto Slveira e sua falácia, morador há mais de 20 anos da cidade do Rio de janeiro,
e observador profundo da política desse Brasil, resolvi propor um novo nome para o nosso país.

Que tal se ao invés de Brasil nosso país se chamasse de hoje em diante "Bumba"?
Nós passaríamos a ser bumbeiros e poderíamos até mudar o nome do Rio de Janeiro, para Rio de JaNEURA
poderíamos mudar a cor do uniforme da nossa seleção pra o marrom-lama, antes da copa deste ano!
E ao invés de "Seleção-Canarinho"  poderíamos ser "Seleção-Urubu" e se os flamenguistas se sentissem plagiados, poderíamos ser a Seleção-Corvo"...

E aqui explico minha proposta: 

Se os outros nomes da nossa nação foram dados de acordo com a imagem que cada um tinha da terra que se descortinava a sua frente, Bumba é o que há de mais real para nossa nação há muito tempo!

Há tempos nossos pobres vem sendo massacrados e mortos por esse mar de lama que desce dos "lixões" dos "Governos". 
Culpados não existem.
O município diz que a "responsa" é do Estado que passa a bola para Brasília e as algemas fabricadas por aqui não servem em ninguém! 

Quantos mensalões você já presenciou em sua vida?, 
quanta mentira?,
quanta impunidade? 
quantas meias cheias de grana roubada?

Quanto dinheiro que veio para as mãos dos nossos governos municipais e estaduais para salvar a vida do povo, sumiu como as casas no Morro do Bumba? 
E os PACs da vida, que só mudaram de nome, mas não passam de mega-obras, mal-feitas, mal-planejadas com fins, no mínimo questionáveis...

Eu vi um garotinho especial, que faz uma propaganda do PAC no Complexo do Alemão na TV a cada intervalo do Jornal Nacional, sair carregado de dentro do seu lindo apê de terceira, com valor de primeira pago as empreiteiras, de um projeto que nem começou direito!

Que nome melhor pra esse país de lama e chorume, fétido e insalubre como um lixão, que mata inocentes e só mostra heróis anônimos e pobres, como a população do Bumba e os valorosos praças do Corpo de Bombeiros, enquanto as autoridades tiram o seu da reta e culpam São Pedro e a chuva, passeando de helicópteros e fazendo movimentos estudados diante das câmeras, enquanto a mídia mostra o lado da verdade que lhes interessa?

Somos Bumbeiros, moramos, vivemos e morremos num grande país chamado Bumba, um lixão lamacento, e como a única espécie de Pau-Brasil que ainda existia no Rio, e estava no jardim Botânico, deve ter se afogado com a enchente, proponho mudar o nome do nosso querido país para República Federativa do Bumba
Que tal?

Me parece mais realista e atual!

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Proximidade sem intimidade é inevitavelmente destrutivo.


Mudei de endereço em julho do ano passado!
Morava em um dos bairros mais famosos do mundo e do qual só guardo saudades do mar. Mais pela sensação de liberdade que o mar me traz do que pela praia propriamente dita. Ao contrário do restante dos cariocas, não sou muito chegado a praia.


Talvez, se ao invés de areia a praia fosse azulejada e a água doce, gostasse mais...resquícios da serra onde nasci e das cachoeiras onde aprendi a nadar!


Mas estou fugindo do assunto...

Bom, me mudei para um bairro mais provinciano, onde esperava um melhor relacionamento entre os vizinhos, já que em Copacabana me sentia em uma Torre de Babel...
Lúgubre engano... 



Tentei sair pelos quarteirões arborizados do meu novo bairro, espalhando cumprimentos e sorrisos, só recebi de volta, quando recebi, resmungos guturais! 
Até em morador de rua tive que dar uns cascudos, sei que parece crueldade, mas o meliante estava fazendo sinais feios para umas menininhas em um ponto de ônibus!

No sábado passado voltava de um evento perto da minha residência, juntamente com meu caçula e minha mulher, entramos no elevador e eu mais uma vez tentei ser educado e afetuoso.
Uma velhota e um carrancudo de meia idade me deixaram aborrecido... 
Como pode um ser humano ignorar outro em um espaço fechado de 5m²?
Mas eu fui ignorado, apesar dos meus mais de 90 Kg e quase 1,80...

Depois de tomar meu banho, deitei-me e comecei a xingar o tiozinho e a velhota, em pensamento...
Foi quando me dei conta que não conheço sequer o sindico do meu prédio.
Nenhum "amigo" em mais de meio ano!

O que está acontecendo conosco?
Antropólogos, psiquiatras e psicólogos nos alertam de forma quase unânime: "Proximidade sem intimidade é inevitavelmente destrutivo."



Estamos convivendo cada vez mais perto uns dos outros, nos coletivos apertados, nos shoppings lotados, mas estamos cada vez mais distantes do nosso"próximo"!
As conversas viraram monólogos, os assuntos, futilidades!
A TV e outras mídias nos entopem de informação sem nenhuma qualidade.
Viramos meros repetidores do que ouvimos, papagaios pós-modernos, infelizes e confusos!
Banalidades assumem o lugar da tradição, da família, da amizade...
Não há mais espaço para nobreza, princípios, honra, patriotismo ou lealdade!
Paradigmas estão sendo quebrados sem que outros sejam edificados!



Devo confessar, com receio, que tenho mais amigos virtuais do que no meu dia-a-dia...

Nossos olhos estão embaçados para o que está ao nosso lado enquanto tentamos enxergar o lado escuro da lua!

Lembrei-me então, de um texto de Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis.



E dedico à velhota, ao carrancudo e a todos meus vizinhos que embarcaram na onda do "quanto mais distante melhor"...

Recado ao Senhor 903

   "Vizinho,

    Quem fala aqui é o homem do 1003. 

Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. 
Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. 
Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. 
Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros.

Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua.

Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. 
Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21 :45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. 
Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.

    ...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".

    E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz."

Quem também pensou em próximos "mais próximos" foi Jesus, há mais de 2.000 anos Ele disse:

"Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mateus 22:37)

Cada  dia que passa me sinto mais distante do alvo...



Um abraço amigo(a)!

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